Você já deve ter ouvido falar que sua amiga, na gravidez, teve desejo de comer abobrinha com chocolate. Ou que sua vizinha pediu ao marido que comprasse melancia em plena madrugada. Mas, afinal, desejos por alimentos na gestação realmente existem?
A resposta é… sim! Em enquete realizada no site CRESCER, com 160 leitoras, 75% afirmaram ter sentido vontade por alguma comida específica durante a gravidez. E não tem nada de capricho aí. A partir da 12ª semana de gestação, o controle dos hormônios deixa de ser feito pelos ovários e passa para a placenta, e as características do estrogênio, por exemplo, mudam. Isso leva à oscilação de humor e também do gosto, cheiro e preferências alimentares. Ou seja, você pode querer comer algo que a que não era habituada e ter rejeição a alimentos de costume, como o café, por exemplo.
Mas o lado emocional também tem o seu papel nessas vontades. “Com as alterações hormonais, a mulher fica mais sensível e pode requisitar atenção de quem está à sua volta”, explica Fabiane Sabbag, do Hospital São Luiz Itaim (SP). Como forma de suprir a carência, tem vontade de comer determinado alimento e, dessa forma, cativar a atenção dos familiares ou do companheiro. Ao perceber que seu desejo é atendido, a grávida se sente acolhida. Em geral, essas atitudes são inconscientes mesmo.
Vale lembrar, no entanto, que, apesar de todas as gestantes estarem expostas aos mesmos hormônios, cada uma reagirá de uma forma a esse momento. Ou seja: se você não sente desejo de comer morango com salsicha não tem com o que se preocupar. A segurança emocional pode fazer com que essas vontades não apareçam. É o mesmo princípio da tensão pré-menstrual (TPM): há aqueles meses em que ficamos mais sensíveis e sonhamos com uma barra de chocolate.
Outra explicação para os desejos durante a gestação são os enjoos. Para algumas mulheres, frutas ácidas, como abacaxi, kiwi, laranja e limão, e alimentos gelados, como picolés e bebidas com muito gelo, amenizam o mal-estar, principalmente, no começo da gravidez.
É importante não confundir a vontade por certos alimentos com a de ingerir barro ou
tijolo. Há uma síndrome chamada picamalácia, que é o desejo por substâncias não alimentícias, ou seja: a vontade de ingerir materiais estranhos. Há muitas teorias para explicar esse hábito, mas nenhuma foi completamente aceita. Enquanto algumas dizem que as grávidas estão inconscientemente tentando corrigir deficiências nutritivas outras ligam o fato à deficiência de ferro no organismo da mãe. Se esse for o seu caso, o ideal é conversar com o obstetra, que, se necessário, poderá ajustar o aporte de ferro, seja pela alimentação ou suplementação do nutriente. Mas fique tranquila: essa patologia é incomum e nada tem a ver com os desejos de cardápios diferentes.
E o que fazer quando a grávida insiste em pedir algum alimento? Acatar a vontade pode ser importante emocionalmente – a futura mãe se sentirá querida e amparada. Mas nenhum dano será causado ao bebê caso o marido não compre o melão que ela requisitou durante a noite. Nenhum alimento interfere nas características da pele nem das feições da criança. Esse é apenas um dos mitos sobre alimentação na gravidez.