Aquele velho ditado que diz que “grávidas devem comer por dois” não significa que a gestante deva comer a quantidade de comida adequada para duas pessoas – o que, por sinal, não é verdade -, mas sim que suas escolhas alimentares devem levar em conta outro ser humano, que cresce dentro do seu corpo. Nessa fase, a alimentação da mãe impacta diretamente no desenvolvimento do bebê dentro do útero e fora dele, durante os primeiros anos de vida. Um sinal claro disso é dado por um recente estudo, que mostra que mães que consomem um certo alimento têm filhos mais inteligentes. Entenda tudo que ele diz a seguir.
Estudo: comer peixe durante a gravidez faz bem
Um recente estudo publicado no periódico científico American Journal of Epidemiology avalia os impactos do consumo de peixe durante a gestação. Para isso, pesquisadores usaram dados do Spanish Childhood and Environment Project, um amplo levantamento populacional espanhol realizado entre os anos de 2004 e 2008.
Dados de aproximadamente 2.000 duplas de mãe e filho, desde a gestação até o quinto aniversário da criança, foram incluídos na pesquisa. Os peixes que as mulheres consumiam eram atum, sardinha, anchovas, salmão, cavala, peixe-espada, pescada, linguado e mariscos.
O bom desenvolvimento intrauterino do bebê depende das escolhas alimentares da mãe
Foram cruzadas informações sobre a quantidade de peixe que fazia parte da alimentação semanal das gestantes, desenvolvimento cognitivo das crianças e ocorrência de Transtornos do Espectro Autista.
As mães fizeram exames de vitamina D e iodo e as crianças passaram por testes cognitivos e avaliações para identificar Síndrome de Asperger (um tipo de Transtorno do Espectro Autista) aos 2 e 5 anos.
Crianças com melhor desempenho cognitivo
Em média, as mulheres comiam 500 gramas de peixe por semana durante a gravidez. A cada 10 gramas adicionadas à dieta semanal acima desse peso, a pontuação das crianças nos testes cognitivos aumentava, chegando a um limite com o consumo de 600 gramas.
A ligação entre consumo de peixe e desempenho cognitivo se tornou ainda mais evidente quando a criança completava 5 anos.
A relação era mais forte também em casos em que o consumo de peixe em boas quantidades acontecia no primeiro trimestre, em comparação com as situações em que o consumo era incrementado apenas no final da gestação.
De fato, muitas evidências científicas sugerem que é possível tornar o bebê mais inteligente ainda dentro do útero a partir de mudanças alimentares e de hábitos da mãe. Além do maior consumo de peixes, realizar atividades físicas e garantir o funcionamento pleno da glândula tireoide fazem parte desta lista.
Autismo
Os pesquisadores identificaram também uma consistente redução na incidência de Transtorno do Espectro Autista nos bebês de mães que consumiam boas quantidades de peixe.
Peixe durante gestação: afinal, pode ou não?
Muitas mulheres acreditam que não devem consumir peixe durante a gestação. O motivo é que, apesar de serem repletos de nutrientes importantes para a saúde cerebral, os peixes acumulam mercúrio do ambiente, substância que é, sabidamente, uma toxina que age sobre o sistema nervoso
O FDA (Food and Drug Association), órgão americano de regularização das indústrias alimentícia e farmacêutica, encoraja as mulheres a consumir peixe, mas respeitando um limite semanal de 340 gramas.
Um dos objetivos dos pesquisadores espanhóis era comprovar se essa relação de fato existe. Para isso, eles avaliaram os dados do exame do cordão umbilical após o nascimento. Como resultado, eles não encontraram evidências de exposição do feto ao mercúrio ou a outros poluentes orgânicos persistentes, mesmo quando o consumo materno de peixe era de 600 gramas.
No entanto, eles ressaltam que devem continuar sendo obedecidas as recomendações feitas pelas instituições internacionais e nacionais de saúde.
Fonte: