Pense em uma pessoa em quem se pode confiar, compartilhar momentos de diversão, dividir segredos e que, simplesmente, está presente na sua vida. Não, essa não é a descrição de uma melhor amiga, mas também pode servir! Afinal, quem disse que a tia não pode ser uma grande companheira?
Para Andreia Calçada, mãe de João Pedro e psicóloga, o papel da tia “pode ser de uma mãe mais lúdica e brincalhona”. Pensando nesse lado, parece que as tias conseguiram ficar com a parte mais leve! Ainda mais ao pararmos para pensar que elas são mais fáceis para a criança conversar, já que estão fora da história e são neutras. Quando é tia, é mais fácil de conversar, já que ela é um ponto neutro na história, está fora da história. A tia tem um papel de escuta por estar fora da situação.
Cleide é professora da Educação Fundamental I por profissão, mas faz diariamente especialização na arte de ser tia. A lista dos sobrinhos é longa e proporcional ao amor e carinho que sente por eles. Paula, Fernanda, Renata, Anderson, Carolina, Leticia, Leonardo, Bianca e Murilo. Ufa! Mencionamos todo mundo?
Mas, como ocorre com as mães, em coração de tia sempre cabe mais um. “Fico na torcida para que todos os meus sobrinhos consigam realizar os sonhos deles! E estou na torcida, vibrando a cada conquista e sempre beijo, abraço e aperto!”, conta Cleide, que se autodeclara uma tia babona.
Juntinho
Saber brincar, ser divertida, entrar no mundo das crianças… Essas são as melhores formas de gerar vínculos e confiança. O convívio também ajuda bastante, estar perto e presente é fundamental! Quanto mais próximo for esse convívio e essa aproximação, melhor para a estabilidade da relação entre a tia e os sobrinhos.
“Nesse mundo caótico, não tem nada melhor que ficar com eles e voltar a ser criança, nem que seja por um momento”, admite Mariane, que é tia de João Paulo e Massimo e que sempre gostou de criança. Ela conta que não conseguia conter a alegria quando soube da gravidez da irmã.
E todo esse carinho e essa expectativa pelo nascimento dos sobrinhos resultaram em muito dedicação do tempo livre para passar juntinho deles. “Não tem nada mais prazeroso do que buscar o mais velho na escola, brincar de carrinho, de pega-pega, acompanhar no jantar e dar risada de algum desenho animado”, ela conta.
Limites na relação
A tia pode e deve estar próxima, mas desautorizar o pai ou a mãe das crianças não é nada aconselhável. “Ela não deve exercer papel de mãe quando ela não é. Isso tem que estar delimitado”, alerta Andreia para que possíveis conflitos na criação das crianças não ocorram.
É claro que valores de educação e comportamento básicos podem ser corrigidos, como quando a criança é grosseira com alguém ou machuca um amigo. Mas é importante esclarecer que quem educa são os pais exclusivamente e que a tia não deve assumir um lugar que não é dela.
Cleide entendeu o recado e sabe tirar o melhor proveito da situação. Ela admite: “Se os pais precisarem de ajuda, estou pronta pra colocar a mão na massa. É maravilhoso ser tia: você só agrada, já que tem é função dos pais educar!”
Troca familiar
Verônica, é tia de primeira viagem de Felipe. Ela conta que o nascimento do sobrinho, filho do cunhado dela, estreitou os laços entre a família e fez com que ela passasse a se sentir irmã dos cunhados. “Penso que o contato com as tias é o primeiro contato das crianças com o mundo depois dos pais. Somos um modelo muito importante para eles e é muito bom que nos façamos presentes”, expressa ela.
Para a psicóloga Andreia, “ter uma tia é um privilégio não só para a criança, mas também para a mãe” e a gente concorda com ela. Isso porque ter uma tia presente na vida do filho significa uma dose extra de carinho e atenção, que sempre faz muito bem para a criança.
Ser tia é acompanhar cada novo passo, conquista lado a lado, orgulhar-se dos sobrinhos e apoiá-los em suas escolhas. Afinal, é um papel que desperta a diversão, o carinho e o amor dentro de cada uma que tem sobrinhos.