Você já tentou de tudo, mas o bebê continua chorando — e, no meio disso, vem a dúvida: será fome? Sono? Dor? Nos primeiros meses de vida, o choro é uma das formas mais importantes de comunicação do bebê com o mundo. E, por mais desafiador que esse processo seja, aprender a interpretar os diferentes tipos de choro pode tornar o dia a dia mais leve, tanto para quem cuida quanto para quem ainda está descobrindo a vida.
Foi pensando nessa dúvida frequente entre pais e mães que nós da ABC Design desenvolvemos este guia! Hoje, vamos entender juntos como reconhecer os principais sinais, sons e padrões do choro infantil. Continue com a gente e entenda o que cada tipo de choro pode querer dizer — e como reagir com mais segurança e tranquilidade!
Por que prestar atenção ao choro do bebê?
O choro, apesar de difícil de ouvir, é natural e necessário. Nos primeiros meses, o bebê ainda não sabe expressar desconfortos de outro jeito. Tudo é novo: a fome, o frio, a luz do dia, o barulho da casa. E tudo isso pode gerar reações — algumas mais sutis, outras intensas.
Observar o choro, com atenção ao som e ao contexto, ajuda a perceber não só o que o bebê precisa, mas também a criar vínculo e confiança entre quem cuida e quem é cuidado. Não se trata de adivinhar tudo — mas de aprender aos poucos.
Evolução do choro ao longo das semanas
Antes de falarmos sobre os diferentes tipos de choro, é importante entender um padrão natural que muitos bebês seguem: eles choram mais nas primeiras semanas, especialmente entre a 3ª e a 8ª semana.
A média de horas chorando por dia costuma aumentar até a 6ª semana e, depois disso, começar a diminuir gradualmente. Isso pode ajudar a perceber que essa fase intensa costuma ser temporária.
Método Dunstan: o som como pista do que o bebê sente
Antes de tentarmos adivinhar o motivo do choro com base apenas no contexto, vale conhecer uma ferramenta criada justamente para ajudar nesse processo: o Dunstan Baby Language.
Esse método foi desenvolvido pela australiana Priscilla Dunstan, que identificou que recém-nascidos em todo o mundo emitem cinco sons reflexos diferentes para expressar necessidades básicas. Eles são causados por pequenos movimentos musculares na boca e no abdômen — e se repetem com bastante consistência nos primeiros meses de vida.
Veja abaixo quais são esses sons e o que geralmente significam:
|
Som |
Indica |
Característica sonora |
|---|---|---|
|
Neh |
Fome |
Rítmico e curto, parecido com “nhe” |
|
Owh |
Sono |
Mais suave e longo, como um bocejo |
|
Heh |
Desconforto |
Nasalado, acompanhado de movimentos corporais |
|
Eairh |
Gases/cólica |
Mais tenso, com esforço abdominal |
|
Eh |
Necessidade de arrotar |
Som breve e entrecortado |
Segundo dados apresentados pela própria criadora do método e replicados em programas de treinamento, o índice de acerto pode chegar a 94% quando os pais aprendem a escutar e diferenciar esses sons — principalmente entre o nascimento e os três meses.
Tipos de choro, sinais e como reconhecer
Agora que já entendemos que o som tem um papel importante na interpretação do choro, vamos falar sobre os principais motivos que costumam fazer um bebê chorar nos primeiros meses de vida. Para cada tipo, explicamos como identificar, o que observar no corpo e no som — e como acolher da melhor forma possível.
Acompanhe!
1. Choro de fome
O choro de fome costuma começar com um som curto e rítmico, parecido com “neh” — um dos sons identificados no método Dunstan. Ele vai ganhando força e repetição se a necessidade não for atendida rapidamente. É comum que o bebê leve as mãos à boca, faça movimentos de sucção e mexa a cabeça de um lado para o outro, como se procurasse o seio ou a mamadeira.
Esse tipo de choro geralmente se resolve com facilidade: experimente oferecer a mamada e observar se ele suga com vontade ou apenas busca conforto.

2. Choro de sono
O choro de sono tende a ser mais manhoso e arrastado, às vezes intercalado com pequenos gemidos. O som mais comum nesse caso se aproxima de um “owh”, como um bocejo verbalizado, também descrito no método Dunstan. O bebê pode esfregar os olhos, bocejar ou ficar mais irritado com estímulos simples, como luz ou barulho.
Aqui, vale tentar reduzir a movimentação ao redor, diminuir a iluminação e acolher o bebê em um ambiente mais calmo, que o ajude a relaxar e adormecer com mais facilidade.
Aproveite e confira algumas dicas de como garantir um sono seguro para o bebê!
3. Choro de desconforto
Quando o bebê está com calor, frio, fralda suja ou algo incomodando no corpo, o choro costuma ser mais contínuo, sem tanta variação de tom, e vem acompanhado de inquietação. O som pode soar mais anasalado, como um “heh”, típico de sensações físicas incômodas.
Nessas situações, o bebê costuma se mexer bastante, arquear o corpo ou demonstrar incômodo com a posição em que está. Experimente checar a fralda, ajustar a roupa ou mudar a posição do bebê para ver se ele se acalma com pequenas mudanças no ambiente.
4. Choro de cólica
O choro por cólica geralmente é agudo, mais estridente e difícil de acalmar. O som pode se assemelhar a um “eairh”, com esforço abdominal, característico do desconforto provocado pelos gases. O bebê tende a encolher as pernas, arquear as costas e apresentar o rosto avermelhado.
Esse tipo de choro costuma surgir no fim da tarde ou à noite, especialmente entre a segunda e a oitava semana de vida. Para aliviar a cólica do bebê, vale tentar massagens circulares na barriga, movimentos de pedalar com as perninhas ou mantê-lo de bruços no colo por alguns minutos, sempre com supervisão.
5. Choro de dor
O choro de dor costuma ser mais intenso e persistente, com som alto, contínuo e sem pausas. Diferente do choro de fome ou sono, ele pode soar mais desesperado, como um grito que não diminui mesmo com tentativas de acolhimento. Em alguns casos, o bebê também demonstra rigidez no corpo ou expressão de sofrimento, como sobrancelhas franzidas e olhos semicerrados.
Se o choro vier acompanhado de outros sinais, como febre, prostração ou dificuldade para mamar, é importante observar com atenção. Nessas situações, experimente acolher o bebê no colo e manter o contato visual, mas busque avaliação médica caso ele não se acalme ou apresente sintomas físicos associados.
6. Choro de necessidade de contato
Nem todo choro indica algo físico. Às vezes, o bebê só precisa de proximidade. O som costuma ser mais suave, com pausas, e pode se intensificar caso ele não receba atenção rapidamente. Nesses momentos, o bebê costuma se acalmar assim que é acolhido no colo, embalado ou quando escuta a voz familiar de quem cuida.
Esse choro não está ligado a “manha”, mas sim a uma busca natural por segurança. Aqui, vale tentar conversar com o bebê, oferecer colo ou ficar pertinho por alguns minutos — esse contato simples costuma ser o suficiente para confortar.

7. Choro de susto ou medo
O choro por susto tende a surgir de forma repentina, com som agudo e entrecortado, como um grito curto seguido de respiração acelerada. Pode acontecer após barulhos altos, mudanças bruscas de ambiente ou movimentos inesperados. O bebê pode abrir bem os olhos, esticar os braços e parecer assustado, como se estivesse em alerta.
Nesses casos, experimente pegá-lo no colo com firmeza, falar com voz calma e oferecer apoio visual e físico. É uma situação que costuma passar rapidamente.
8. Choro de dentição
A partir do sexto mês, é comum que o bebê comece a manifestar desconforto com o
Nessa fase, o bebê pode babar mais do que o normal, levar constantemente as mãos à boca e parecer mais impaciente durante o dia. Aqui, vale tentar oferecer mordedores geladinhos e limpos, massagear a gengiva com os dedos ou conversar com o pediatra sobre outras formas seguras de aliviar o desconforto.
Como diferenciar os tipos de choro na prática
Mesmo com todas as descrições, entender o motivo exato do choro nem sempre é simples. Abaixo, listamos algumas estratégias que podem ajudar nesse processo no dia a dia:
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Observe o som do choro: sons diferentes podem indicar necessidades distintas. Com o tempo, fica mais fácil perceber se o choro é ritmado, agudo, arrastado ou contínuo — e o que costuma funcionar em cada situação;
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Preste atenção no contexto: o bebê acabou de mamar? Está há muito tempo acordado? Está num ambiente agitado? O que aconteceu antes pode dar pistas importantes sobre o que ele está sentindo;
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Note os sinais corporais: movimentos de sucção, olhos esfregados, pernas encolhidas, inquietação ou expressão de dor são sinais que ajudam a diferenciar o tipo de desconforto;
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Anote padrões: fazer um pequeno registro dos choros — com horário, duração, intensidade e o que ajudou a acalmar — pode revelar padrões importantes ao longo dos dias;
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Aposte na rotina: ter horários aproximados para alimentação e sono pode ajudar a entender melhor as necessidades do bebê e prevenir momentos de choro por excesso de estímulo ou cansaço acumulado.
É normal o bebê chorar muito nos primeiros meses?
Sim. Nos primeiros três meses, é comum que o bebê chore até 2 ou 3 horas por dia, especialmente no final da tarde e início da noite.
Isso acontece porque ele ainda está se adaptando ao ambiente fora do útero e usa o choro como principal forma de comunicação. Se não houver sinais de dor, febre ou outros sintomas preocupantes, esse comportamento costuma ser considerado esperado.
Como saber se é cólica ou outro tipo de desconforto?
A cólica geralmente vem com um choro agudo e difícil de consolar, acompanhado de sinais como pernas encolhidas, barriga mais dura e rosto avermelhado. Já outros desconfortos, como fralda suja ou roupa apertada, costumam gerar um choro mais constante e anasalado, mas com menor intensidade.
O bebê sempre chora quando está com fome?
Nem sempre. Alguns bebês dão sinais sutis antes de chorar por fome — como colocar a mão na boca ou fazer movimentos de sucção. O choro geralmente aparece quando os primeiros sinais passam despercebidos. Com o tempo, você vai reconhecendo esses sinais mais cedo, o que ajuda a evitar episódios mais intensos.
O bebê pode chorar só porque quer colo?
Sim — e isso não deve ser visto como algo negativo. O contato físico, a voz familiar e o colo são formas importantes de conforto e segurança nos primeiros meses de vida.
Existe idade certa para o choro começar a diminuir?
A tendência é que, após o pico por volta da 6ª semana, o tempo de choro vá diminuindo naturalmente. Por volta do terceiro mês, muitos bebês já conseguem se autorregular um pouco melhor, reduzindo a frequência e a intensidade do choro. Isso pode variar de criança para criança, mas essa curva costuma ser bastante comum.

E você, já começou a identificar os diferentes choros do seu bebê no dia a dia? Aos poucos, essa leitura se torna mais natural — e cada pequeno avanço conta muito nesse início.
Se quiser seguir aprendendo com a gente, aproveite para conferir também nosso conteúdo sobre outro momento que costuma gerar dúvidas: o banho em recém-nascido. Lá, você encontra orientações simples e seguras para transformar esse cuidado em um momento mais tranquilo.
Até a próxima leitura!