A resposta é sim, é problemático fazer “picolé de leite materno” para tentar refrescar o bebê no calor. A maioria dos pediatras não aprovam essa ideia, que surge nos dias mais quentes ou quando o bebê está com erupção dos dentes. “Infelizmente coisas assim tornam-se virais e muitos pais aderem a esses modismos com entusiasmo”, ressalta o pediatra Fábio Picchi.
No entanto o bebê é programado para aceitar alimentos na temperatura do corpo humano, ou seja, por volta de 37 graus Celsius. Tanto que muitos bebês rejeitam o leite materno quando oferecido em mamadeiras, não só pela diferença de bico, mas frequentemente devido à temperatura diferente.
Não há problema em congelar e armazenar o leite materno para o bebê tomar depois, mas, segundo o pediatra Paulo Ferreira, não faz sentido acrescentar mais esta etapa de manipulação sem nenhuma necessidade. A manipulação e o congelamento sempre trazem algum risco de contaminação e perda de propriedades, ao contrário do leite que sai do peito direto para a boca do bebê.
“Embora haja controvérsias, alimentos muito gelados e deglutidos podem comprometer as defesas das vias aéreas, facilitando o surgimento de infecções”, completa Paulo Ferreira.
Quando os dentinhos do bebê estão nascendo, podem-se oferecer ao bebê alimentos
gelados ou um mordedor congelado para que ele “roa”, pois isso alivia o incômodo na gengiva. A diferença é que nesse caso o gelado não chega a ser engolido, portanto não atinge o sistema respiratório.
Há maneiras bem mais eficientes de manter um bebê fresquinho no calor, inclusive oferecendo o peito mais vezes que o normal, para crianças de até 6 meses, e dando água, para crianças mais velhas.
Em resumo, os pediatras não recomendam fazer picolé de leite materno para dar aos bebês, especialmente antes dos 6 meses, quando não devem tomar nenhum tipo de líquido gelado.